Estive “fora” por um período, devido a problemas pessoais, afinal, sou uma pessoa igual a cada um dos Srs. que estão lendo essas palavras e como tal, tenho minhas paixões, minhas frustrações, alegrias, tristezas, medo... e tantos outros sentimentos, que em determinados momentos nos levam em uma outra direção, não que com isso, eu tenha deixado de fazer algo ou que tenha perdido a minha vontade de lutar pelo que acredito, isso nunca, pois desses sentimentos que citei, o que menos tive ou tenho, talvez tenha sido esse ultimo, “ o Medo”, pois chega uma hora em sua vida, que a mistura dos sentimento, te mostram o quanto você é fraco diante da sua luta e com isso, em levar tantas porradas e presenciar tantas coisas que você julga serem injustas, você começa a aceitar tudo...e...tudo, até não se importar mais com nada, com as porradas que leva, com os rostos que viram ao te ver, com o silencio daquela palavra que tanto anseia em ouvi-la , por fim, sem saber, você com essa fraqueza se fortalece cada vez mais, pois tudo que te atinge não consegue te parar, já não faz mais efeito em seu corpo “calejado” e o seu aliado inseparável esta dentro de você e só assim você passa a conhecê-lo, ele é o seu ideal.
Minha primeira manifestação publica foi em 1987 ou 88, quando escrevi a “Carta do Pai para o Filho” em homenagem aos meus filhos, em que o Pai, um Policial Militar, antes de sair para o trabalho, deixava uma carta para o seu filho, que caso ele não voltasse para casa, era para o filho cuidar bem da mãe e que nunca esquecesse do amor que ele tinha por eles, meus amigos onde eu trabalhava, pediram para que fizessem copias e foram distribuindo entre eles, der repente foi parar nos jornais, me sentir orgulhoso, pois acharam bonito o que havia escrito, tinha saído de dentro de mim, naturalmente, depois disso, acreditem, apesar de ter 47 anos de vida e nunca ter lido um livro em toda a minha vida, escrevi um, chega a ser coisa conflitante e rara um situação como este, nunca li um e escrevi um, sob o titulo de “O Direito de Não ter Direitos, A Vida de Um Policial Militar”, o lancei em 2000, uma historia “ fictícia ”, (os Srs. reparem as aspas) onde o meu personagem, um Policial Militar, era ferido em uma favela, estava sozinho e sangrando muito, enquanto ele esperava socorro, apareceu uma mulher ao lado dele, que ficou o tempo todo, onde ele narrava a ela todas as coisas que aconteciam no dia a dia do Policial Militar, as injustiças que ele e os amigos sofriam, a sociedade que nunca reconheceu seus esforços em defende-la, a sua família que era sacrificada pela escolha da sua profissão, enfim tudo que ele sentia era passado a ela, no fim essa mulher era a própria morte que só esperava seu momento de levá-lo, confesso aos Srs. que nunca havia feito um curso de datilografo, no entanto meus dedos batiam nas pobres teclas como se fossem elas as grandes culpadas pelo que meu personagem sentia, foi uma experiência incrível, saber toda a historia do inicio ao fim sem mesmo terminá-la, é como se eu estivesse lá, vendo cada cena, então veio o Jornal Extra e pediu para que fizessem uma reportagem, pois era inédito um Policial escrever um livro falando da vida de um policial, mesmo que fosse “ficção”, La estava eu novamente, pois apesar de não ser a primeira vez que isso acontecia, mas a mídia havia se interessado pelo que eu havia feito em beneficio da nossa imagem e fizeram uma ótima reportagem, porem apesar de ter concedido uma entrevista sobre meu livro e não sobre a Policia a qual estava capacitado, porem não estava autorizado,mesmo assim fui punido com uma repreensão e remanejado 15 vezes em um ano, minha “ficha” havia sido manchada depois de tantos anos preservada e o pior, não havia feito nada que denegrisse a imagem daquela que sempre havia me orgulhado em pertencer. Durante essa “turnê”, a cada dia eu me revoltava mais, tinha um pequeno comercio de queijos, e com o dinheiro que ganhava, que não era muito mas dava para ajudar em casa, montei um 0800, uma espécie de local de encontro, onde os policias me ligavam para saberem seus direitos e em muitos casos para somente narrarem as suas injustiças que sofriam, fui novamente pioneiro e novamente os Jornal publicaram. Porem não sofri nenhuma represaria a não ser mais uma transferência e fui parar em um ótimo batalhão, que estou até hoje, chego a brincar dizendo que eu não tenho mais RG (registro) e sim numero de inventario, pois sempre fiz de tudo o que posso por ele, afinal das contas, foi ele que me acolheu das “minhas viagens”. Lá eu escrevi uma musica, onde a letra retrata a realidade sem tirar nem por do nosso dia a dia, e junto com um grande amigo, um verdadeiro irmão que é musico, Wagner Caetano, fizemos a melodia para a minha letra, ficou ótima, ate sons de metais ele colocou, eu parecia um verdadeiro cantor, apesar de não gostar da minha voz, coloquei o nome da musica de “Código 800”, que significa em nossa “língua” auxilio policial, é quando damos prioridades para o pedido de auxilio de um amigo que esteja em perigo, e novamente o Jornal Extra fez uma pagina completa sobre tudo que eu havia feito, ela foi publicada no dia 3 de junho de 2006, em que a manchete dizia; “Pancadão na Policia Militar”, dois dias antes eu havia me apresentado ao meu Comandante, na época o Sr Cel PM Marcus Jardim e relatei o que iria acontecer, e me coloquei a disposição, apesar de não ter feito nada de errado, mas era meu dever como Militar, no entanto ele elogiou me apoiou, e ate deu entrevista ao Jornais falando sobre o caso, e para mim ele havia se tornando não só o meu Comandante como também um líder, pois há uma diferença, para nos “guerreiros” entre ser um comandante onde seus subordinados os seguem porque são obrigados a segui-lo, e ser um Líder, é bem diferente, pois o seguimos de coração, pois sabemos que estaremos protegidos e ele nos guiará sempre.
Sou um apaixonado por carros antigos e tenho um, talvez a minha única satisfação ultimamente seja dar uma volta com ele, visto que não disponho de condições financeira para fazer outra coisa, dou uma volta ate a praia e volto, eu e meu filho pequeno, em agosto desse ano com a ajuda do meu Comandante, Cel PM Ricardo Paxeco, idealizei e realizei o primeiro encontro de carros antigos no 12º BPM, onde a entrada era um quilo de alimento não perecível, que foram entregues a minha grande amiga que já se foi Cleide Prado Maia, que gentilmente distribuiu 1485 kg de alimentos arrecadados entre varias instituições, mais uma forma que havia encontrado para tentar mudar a nossa imagem tão deteriorada da nossa profissão e com isso poder ajudar tantos que precisam, foi um verdadeiro sucesso, mais de 5 mil pessoas e 210 carros antigos. Agora estou fazendo esses pequenos “Comerciais” como forma de tentar resgatar a Dignidade e o Respeito da minha profissão, ate o momento, dia 21 de novembro de 2008, as 21hs, já tem mais de 19 mil entradas no You Tube, onde esta sendo procurado pelo nome sgtricardogarcia.
A Partir de hoje, todas as sextas feiras, escreverei as minhas crônicas, as quais me servem de apoio e desabafo, pois as pressões sobre nós não são mensuradas, como havia dito lá no inicio, sou uma pessoa igual a qualquer um dos Srs que estão lendo agora essas palavras
Obrigado
Ricardo Garcia
Cidadão Brasileiro