Foto: Marcos Antonio Teixeira (O Globo)
JORNAL O GLOBO RIO (ONLINE)
Drogas na prisão
Ex-PM morre de overdose de antidepressivos dentro do Batalhão Especial Prisional (BEP)
Publicada em 08/06/2009 às 23h45m
Vera Araújo
RIO - Depois do assassinato de Débora Joyce de Araújo Silva, de 24 anos, pelo irmão, o então soldado da PM Jefferson de Araújo Silva, de 28, dentro do Batalhão Especial Prisional (BEP), em agosto de 2007, foi a vez de Maria Gomes de Araújo, de 53, mãe dos dois, chorar a morte do filho.
Vídeo mostra irregularidades no BEP
Jefferson morreu, sexta-feira à noite, no Hospital Salgado Filho, no Méier, depois de ingerir, segundo Maria, dezenas de cápsulas de antidepressivo. Indignada, ela contou que o filho passou a usar drogas desde que foi para o BEP, onde adquiria cocaína com facilidade:
- Antes de ir para a PM, meu filho era saudável, bom aluno. Foi fuzileiro naval e depois virou soldado do Batalhão de Choque. Quando ficou preso no BEP, percebemos que ele mudou, ficou agressivo. Perdi meus dois filhos porque a PM não cuidou dele. Para piorar, ele foi obrigado a assinar sua exclusão da polícia, enquanto estava internado no Manicômio Judiciário Heitor Carrilho.
Algum tempo atrás, fui o “elo” de ligação de 283 homens e os oficias da minha Companhia, sabia o que acontecia com cada um deles, pois tinha não só o respeito, como o principal a admiração de cada um deles, confiavam em mim como profissional e como amigo, eu sempre sabia quando estavam com problemas ou quando estavam felizes porem, um deles me chamou a atenção, estava estranho, na sua forma de agir e de falar, era como se fosse uma “Bomba” que a qualquer hora poderia explodir, ele dizia frases como: “ É matar ou morrer” ou as vezes, descrevia suas atuações nas ruas de uma maneira eufórica e fria, como se sentisse prazer de atuar como um "Super- Heroi" invencivel.
Eu sei que não sou Psicólogo e nunca estudei para isso, porem na vida devemos observar tudo que acontece ao nosso redor, e com isso aprendi muita coisa, me tornando mais sencivel e tolerante. Eu reparava gradualmente uma transformação que poderia acarretar as seguintes conseqüências Graves: Digamos que esse Homem fosse para as ruas e tirasse a vida de alguém, ele iria acabar com a vida de uma família, iria acabar com a sua vida profissional, iria acabar manchando a Corporação que ele representa, e principalmente com a sua propria família.
As pressões sobe nos exercidas não são mensuradas, deixamos acontecer para depois vermos o que podemos fazer, nunca nos importamos com o ser humano, e o pior, quando acontece algo, simplesmente EXCLUIMOS, como se nunca tivéssemos se quer uma parcela de culpa.
O companheiro o qual me referi acima, depois de “explodir” o reformaram, por sorte não teve conseqüências mais graves.
A “fuga” da realidade licita ou ilícita é uma opção pessoal, no entanto, ensiná-lo a enfrentar a realidade é uma obrigação de todos nos que os confeccionamos.
Ricardo Garcia
Cidadão Brasileiro