domingo, 6 de setembro de 2009

SOU O "MARISCO"



Srs
Ainda não tive condições de escrever sobre a viajem que fiz para Brasília onde participei da CONSEG, sendo um dos Representantes do Praças da PMERJ, assim como todos os seres humanos, também sou passivo das pressões que são exercidas sobre mim e confesso que são fortes e esta difícil de “aturar”.

Cheguei ate mesmo começar a escrever, sob o titulo de “Vai pra Brasília e vê se CONSEG” chego ate mesmo a rir, embora não tenho muita vontade, das coisas que escrevo nesta historia.

Os motivos são bem simples e vou narrá-los para que os Srs saibam o que é ser um Profissional de segurança aqui no Rio.
1º) Meu salário mal da para pagar minhas contas, bem isso todos já sabem, porem com toda a certeza, influencia muito a nossa vida.

2º) No dia em que fui viajar para a CONSEG, recebi um oficio em minha Unidade para que eu fosse depor na justiça no dia 01/09, um dia após ao meu retorno, relativo a uma “suposta” prisão que eu havia efetuado.Bom, eu realmente não me lembrava que havia feito a referida prisão, mas como nos não lembramos, nem mesmo do que havíamos comido no almoço, eu fui. Ao chegar ao Fórum, para a minha surpresa encontrei com mais um companheiro, que por coincidência, tinha o mesmo sobrenome, “Garcia”, ao questioná-lo sobre qual ocorrência que havíamos participados juntos, ele também não se recordava, após a chegada de dois outros colegas que estavam como testemunhas no caso, é que descobrimos que o “Garcia” que estava mencionado no processo era um que já havia sido transferido para uma outra Unidade.

Traduzindo, se tivéssemos 200 “Garcias” na Unidade, ela iria parar literalmente, para atender um oficio da Justiça.
Ridículo a forma que “funcionamos”, era só retornar o oficio ao remetente, solicitando mais informações, porem ainda continuamos a sermos “submissos” e “omissos” . Pode não parecer, porem isso afeta a parte psicológica de um Homem.

Continuando com o outro motivo, esse então é bem pior
3º) A cerca de um mês, eu estava passando no pátio da minha Unidade, perto do portão de entrada de viaturas, quando um Sr me chamou pedindo ajuda, ele havia dito que assessor de um vereador e que havia um carro clonado que pertencia ao referido vereador, estacionado com duas Sras. No estacionamento de um supermercado a menos de 100 metros da Unidade, e elas estavam querendo fugir do local.

No mesmo momento eu me prontifiquei a seguir para o local, embora seja bem perto da Unidade, no mesmo tempo estava entrando uma viatura em que os componentes iriam almoçar, eu pedi que me dessem uma “carona” ate o referido estacionamento, para que fosse ver o que realmente estava acontecendo, ao chegar no local, reparei que um amigo, que é reformado estava conduzindo uma Sra em direção a uma Pajero que estava com a porta aberta, ao descer da viatura, fui apresentado a referida Sra, diga-se de passagem, muito bem vestida e falando naturalmente com um “sotaque gaucho” que não estava entendendo nada do que estava acontecendo, que havia alugado o referido veiculo, mostrando o documento original do veiculo.

O Assessor do vereador porem , continuava a afirmar que o veiculo era clonado, pois havia feito contato com o vereador e que ele estava se dirigindo para aquele local, vocês sabem que quando ocorrem um fato, logo aparecem vários curiosos e não poderia deixar de ser diferente, ainda mais em um estacionamento de supermercado, não demorou 5 minutos e o vereador apareceu e eu , fiz contato com a sala de radio pedindo uma viatura para que fossemos conduzidos ate a DP mais próxima, pois, como havia dito eu só havia pego uma “carona” na outra viatura, porem fui informado que assim que liberasse uma viatura das ocorrências que estavam iriam me enviar, foi quando sugeri a sala de operação que fossemos ate a porta do Batalhão, que como havia dito fica a menos de 100 metros que aceitou a minha sugestão, então eu convidei a todos que fossemos para que resolvêssemos esse “mal entendido”, eu , a Sra e o amigo reformado seguimos na pajero, enquanto o Sr vereador e seu assessor seguiram em outro carro, durante o “mini trajeto” perguntei a Sra como havia acontecido o fato, ela, muito calma, me disse que havia alugado o carro no hotel em que estava e que veio ate ao município para conhecer, porem eu havia notado que a placa era do meu município e questionei a ela se não era estranho ela alugar um carro em Foz do Iguaçu com a placa do município de Niterói, foi ai que ela me entrou em contradição e acabou dizendo que iria receber 2 mil reais para levar o carro para o Paraguai , como nos já estávamos na porta da Unidade, eu determinei que entrássemos e a conduzi ate o meu Comandante juntamente com o Sr Vereador, ela então disse que era a primeira vez que fazia isso e que estava fazendo para pagar a sua faculdade e que precisava de dinheiro, o Sr Comandante solicitou ao Vareador que lhe trouxesse o outro veiculo para que fosse comprovado o “clone” e que daí, fossemos todos ate a delegacia, esse fato durou aproximadamente uma hora e meia e para o meu espanto, quando chegou o outro carro, eram perfeitamente idênticos, o numero no chassi, a placa, o lacre, o numero nos vidros, tudo era perfeito, a única diferença era um plástico que havia no “original” após a chegada do veículo, o Sr Comandante deu voz de prisão a mulher e a conduzimos a DP onde ela foi identificada e confessou que já era o 5º Pajero que havia levado para o Paraguai e Bolivia.
Como eu havia dito, sempre “junta gente” quando ocorre algo, e não poderíamos deixar de termos os “repórteres” ainda mais quando temos uma Autoridade como o vereador do Município envolvido.

Traduzindo, o Delegado esta querendo “inverter” a situação, dizendo que houve “abuso de autoridade” dentre outras coisas, ora, eu sou um profissional no que faço, eu não uso um formão para tirar um parafuso, em momento algum a desrespeitei mesmo depois de comprovado o fato, sempre a tratei de Sra, mas creio que seja essa “guerrinha” idiota entre Delegados e Coronéis, em busca de vaidade e do poder, não estou puxando a “sardinha para a minha brasa” mas foi tudo como manda a “figurino” e a dimensão do fato é gigantesca, é a ponta de um iceberg de uma grande quadrilha inter estadual de roubo de carros que estão atuando no Brasil, e como eu, um simples “marisco” entre o mar e os rochedos, sou sempre o que sofro mais.

Confesso a vocês que isso me desestimula a assumir qualquer coisa, isso me envergonha, ao ver que aqueles que andam as margens das nossas Leis ainda tem ao seu lado a vaidade de “profissionais” de segurança.

Usando um linguajar mais “popular” na verdade eu não tenho mais “saco” para aturar essa podridão, os dois motivos são ridículos e infelizmente reais.

Bem foi por esse motivo que ainda não terminei a minha postagem sobre a CONSEG, eu dentro de um quartel, onde a ocorrencia "cai no meu colo" literalmente, e ainda me aborreço e me desgasto, porem, como havia dito, embora me tire alguns sorrisos quando escrevo sobre a CONSEG.

É assim funciona, sempre ficamos SOZINHOS contra todos só por termos escolhidos ser Policias Militares.

Ricardo Garcia
Sargento de Policia
Cidadão Brasileiro