quinta-feira, 9 de setembro de 2010

COLÉGIO DA POLICIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO



Ao Sr Comandante Geral da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro


Sr Coronel PM Mario Sergio


Meu filho estuda no “nosso colégio”, que bom poder falar assim ainda ...“nosso”.


Atrevo-me a dizer que não sou o único a pensar dessa maneira, e utilizar esse pronome possessivo “Nosso” afinal, temos tão pouco, que lutamos com "Unhas e Dentes" pelo que ainda nos resta.


Creio que todos nos podemos sentir como é ser um cego, basta apenas fecharmos nossos olhos e imaginarmos que nunca mais iremos ver, no entanto quando fazemos isso, começamos a ouvir mais e embora ainda estejamos sendo guiados ainda pelas nossas lembranças, começamos a sentir certo desespero e logo reabrirmos nossos olhos e nos sentimos aliviados.


O mesmo fato acontece quando nos calamos e, por mais que tentemos nos expressar através de gestos e expressões, dificilmente, conseguimos nos comunicar e dizermos o que sentimos com exatidão.

Porem é impossível voluntariamente tentarmos deixar de ouvir a não ser que utilizemos algo que impeça a nossa audição (sei que tivemos no passado, muitos “surdos” que se prevaleceram dessa situação para burlarem o pagamento de tributos)


O Nosso Colégio é algo espetacular, talvez o único lugar em que nossos filhos possam externar o orgulho que sentem de nós, afinal colocariam suas próprias vidas em risco se o fizessem em qualquer outra escola publica ou partícula diante dos seus amiguinhos.


Lá, alem de aprenderem a ler e escrever, aprendem também, o que aprendemos em nossos antigos colégios, o amor a pátria, a organização, o respeito ao próximo e tudo aquilo que hoje não mais existe, assim como a nossa Corporação, a disciplina também é o alicerce de suas formações.


Sei meu Comandante, que o lugar de Policia é nas ruas patrulhando, no entanto somos completos, somos médicos, enfermeiros, cozinheiros, atletas, advogados, atores, carpinteiros, mecânicos e tantos outros inclusive professores.

Embora sejamos um só quando estamos protegidos pelas nossas fardas, cada um de nós tem que exercer as suas funções para que não percamos a nossa razão de ser.


Sejamos cristalinos e racionais ao dizermos que não possuímos um efetivo que supra a nossa necessidade diária, no entanto, nunca deixamos de exercermos com suor e ate mesmo com sangue a nossa missão, e não seria aqueles que estão nas salas de aula que iriam resolver nossos problemas, pelo contrario, eles nos trazem um conforto ao nosso combate, em sabermos que nossos filhos estão sendo encaminhados para a vida pelos que sabem o que sentimos realmente e sofremos.

Podemos fechar nossos olhos para um dos melhores estabelecimentos de ensino que existe no nosso Estado, poderiamos ficar calados para que ninguém soubesse que apesar de tudo, estamos vencendo, no entanto não poderimos deixar de ouvir aqueles que dependem de nós.

Se começamos “errados’ vamos tentar “consertar”, nada é impossível para aqueles que realmente desejam.


Não estará sozinho nessa luta, por mim, pelo meu filho, pelos filhos daqueles que acreditam e principalmente pelos filhos daqueles que não mais estão presentes entre nós, não acabe com o pouco que ainda nos resta.


Obrigado Sr Comandante pela honra de ter me ouvido.


Ricardo Garcia
Sargento de Policia
Pai de Artur Garcia
Cidadão Brasileiro presente e futuro