JORNAL O DIA (online)
11.07.09 às 02h39
Tijuca: um bairro à espera do império da lei
O DIA flagra assalto, e motorista de assessor do chefe da PM é ferido
Rio - No dia em que o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, visitou o batalhão responsável pelo policiamento da Tijuca, bandidos armados demonstraram, de forma cruel, o tamanho da insegurança no bairro. No Largo da Segunda-Feira, o cabo do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Ênio Roberto Santos Santiago, 38 anos, levou dois tiros ao tentar impedir um roubo de veículo. O policial é motorista do tenente-coronel Alberto Pinheiro Neto, assessor especial do Comando-Geral e ex-comandante do Bope. À noite, uma equipe do jornal O DIA flagrou mais um ataque: um analista de sistemas foi rendido por seis homens armados, que levaram seu Renault Clio.
Pouco antes das 7h15, Ênio, que aguardava no carro o tenente coronel Pinheiro Neto, presenciou o ataque de dois bandidos a um casal em um Gol, na Rua Haddock Lobo. O policial tentou impedir o roubo, mas foi surpreendido por dois homens que vieram por trás e teriam disparado cinco vezes. Dois tiros atingiram Ênio, na nuca e no ombro direito. Ele foi levado para o Hospital Souza Aguiar, onde permanece internado em estado grave. “Ele é um policial excepcional. Não tenho como traduzir o que estou sentindo agora, estou arrasado. Mas não tenho tempo para chorar nem ficar triste, tenho que trabalhar para tirar esse tipo de gente de circulação”, afirmou, emocionado, Pinheiro Neto.
Os bandidos teriam fugido, segundo testemunhas, em direção aos morros do Turano, no Rio Comprido, e da Chacrinha. Ao meio-dia, soldados do Bope realizaram uma operação no Morro do Turano. Homens do 6º BPM (Tijuca) ocuparam a Chacrinha. No Turano, Lúcio Carlos Rodrigues da Silva, 31, morreu baleado no peito. À tarde, uma arma e um carro foram apreendidos pelo Bope. Obras do PAC na Rua do Bispo foram paralisadas.
À noite, nova demonstração do poder de fogo dos bandidos. Bastaram 13 segundos para, às 20h07, seis bandidos renderem o o analista de sistemas Leonardo Santana Rabelo, 31 anos, e levarem seu Renault Clio sedã, na esquina das ruas Conde de Bonfim e dos Araújos, em frente a um beco de acesso ao Morro do Salgueiro. “Eu estava desligado. Quando vi, eles já estavam abrindo as portas dos dois lados e me apontavam pistolas. O cinto demorou a destravar e o bandido que estava mais perto de mim começou a ficar nervoso. Eu disse: ‘Calma, calma’. Quando me livrei do cinto, só pensei em correr com as mãos na cabeça”, contou Leonardo.
Os bandidos, a maioria aparentando ser menor de idade, fugiram em direção ao Rio Comprido. De janeiro a abril, a 18ª DP (Praça da Bandeira) e a 19ª DP (Tijuca) registraram 301 roubos de carros naquela região. Segundo Leonardo, o Clio foi comprado na semana passada. Enquanto Leonardo registrava queixa do roubo na 19ª DP, chegaram outras vítimas de um assalto praticado por quatro homens armados a uma financeira, na Rua Conde de Bonfim.
Mário Sérgio decreta a ‘Sexta-feira com lei’
Pouco depois do ataque ao cabo do Bope, o comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte, anunciou a primeira grande mudança no policiamento das ruas. Às sextas-feiras, não haverá mais expediente administrativo nas unidades, e todos os policiais lotados em batalhões de área terão que patrulhar as ruas. “Temos tido muitos problemas nas sextas-feiras. Aplicaremos todo efetivo da administração nas ruas”, explicou, para o que está chamando de ‘Sexta-feira com Lei’.
No Largo da Segunda-Feira, é difícil encontrar quem não tenha presenciado ou sido vítima de bandidos. A atendente de uma locadora de vídeo contou que a loja, na Rua Aguiar revela que houve 12 assaltos recentes ao estabelecimento. No último deles, o bandido sequer se deu ao trabalho de anunciar o roubo. “Ela já sabe o que eu quero”, disse ele, quando entrou na loja em abril deste ano, no último ataque. “Eles chegam no horário do fechamento da locadora e já conhecem nossa rotina”, conta.
Nem as quatro bancas de jornais do Largo da Segunda-Feira escapam da ação dos criminosos. Em uma delas, o jornaleiro Natanael Lopes conta que foi agredido por um dos bandidos. “Na última vez, entreguei o dinheiro e mesmo assim levei um soco. A solução que nós encontramos foi tratar segurança particular ”, revela.
Reportagens de Bartolomeu Brito, Marco Antonio Canosa, Geraldo Perelo e Vania Cunha
É visível em qualquer lugar em qualquer hora o clima de insegurança , não ira adiantar falarem que irão tirar os Policias de serviços internos para as ruas pois a grande maioria são de impossibilitados pelas Justiça e pela Saúde, os que nos resta são os que estão fazendo as seguranças dos Poderosos e esses não podem ser “mexidos”, e ainda temos que destacar que a grande parte do efetivo é empregado em “Extras” .
Fica difícil ao Ser Humano, ter um salário que não da para alimentar sua família, ter que, em suas horas de lazer fazer um “bico” para suprir suas necessidades, ser colocado em serviços extras e ainda ser tratado e rotulado por todos, com humilhações e injustiças.
A única coisa que ainda não tentaram foi a Valorização do Homem, acredito que se você vai trabalhar sem qualquer “preocupação” em sua cabeça, sabendo que a sua família esta protegida, e que terá o seu descanso merecido após as horas estressante do seu serviço, o rendimento seria muito maior devido ao empenho voluntario.
É bom lembrarmos que não seria somente isso, pois como sempre falo, “a Policia é uma grande maquina de enxugar gelo” dependeríamos principalmente da reformulação das Leis para que os Policias não tenham que fazer a mesma coisa repetidamente.
“Prende...solta...prende....solta”
Ricardo Garcia
Cidadão Brasileiro