Um amigo que é reformado outro dia me contou uma historia a qual deveríamos refletir, ele me disse que quando estava na ativa, houve um grande assalto a um banco, ele e o parceiro estavam passando na hora do acontecimento, logo que foram avistados pelos marginais começaram a atirar, seu parceiro foi o primeiro a ser atingido, havia sido baleado na barriga e ele levou um tiro no ombro e outro na boca, porem conseguiram acertar dois marginais e evitarem que o dinheiro fosse roubado.
Ele me disse que ele e o companheiro haviam ganhado uma medalha por sua coragem, onde foram considerados heróis, no entanto ele havia sido reformado por ter ficado com seqüelas.
Passaram- se os anos e não seria diferente para ele, também tinha que fazer um “Bico” para complementar seu salário, no entanto ele havia se especializado em uma outra profissão e teria que fazer um curso, ao lado do nosso Quartel General, durante uma semana.
Ele então foi estacionar seu carro dentro do QG e foi impedido mesmo explicando ao Superior que era apenas por duas horas e somente naquela semana, mesmo assim foi negado.
Ele me disse que seu “sangue havia fervido” afinal, tinha o conhecimento que havia no pátio veículos de Advogados, Médicos e outros civis que não trabalhavam no QG mas eram amigos de alguem importante e que, ele, ontem considerado um herói, hoje já não era mais nada, apenas um velho esquecido por aquela a qual havia se dedicado mais do que a seus próprios filhos.
Na hora ele havia se questionado “ O porque não havia morrido na hora do assalto para não passar aquele desgosto”
Paramos, pensamos e concordamos por mais que tentemos dar uma explicação, não seria convincente.
A Policia nunca olhou para ela mesma, a nossa grande preocupação é com o que a sociedade pensa da gente.
Presenciamos Oficias sendo julgados pelos mesmos crimes cometidos pelos praças, onde há “dois pesos e uma medidas” O praça é excluído e o Oficial fica “atrás da letra” e depois que tudo passa ele recebe todos os seus “direitos” e a vida continua.
Deveríamos entender que nós, não somos nada, tudo aquilo que fazemos e que, em alguns casos, nos iludimos ao pensar que somos insubstituíveis, vem outro em nosso lugar e vai fazer tudo o que fazíamos.
As medalhas e elogios são apenas “chicotadas” para que continue a se esforçar mais e mais, caso contrario, será castigado de uma outra maneira.
Poucos fazem por prazer, por amor a sua farda, onde a indiferença da entre a medalha ou a cadeia, mas a satisfação interior de ter sido capaz de realizar o que lhe foi determinado.
Nunca esperei nenhum reconhecimento daquilo que acho dever de fazer e confesso que apesar de fazer o que gosto não estou satisfeito com o que presencio.
É triste ver alguém como esse reformado falar com ênfase da sua desilusão.
É triste olhar para o meu filho e ver em seus olhos uma tristeza e uma duvida de onde ira estudar com o fim do Colégio o qual ele tanto se orgulha de pertencer, afinal, ele tem o conhecimento que não teria condições de pagar um Colégio particular para ele.
É triste ver um amigo com apenas 33 anos, ter um “pic” de pressão (22) pelo excesso de trabalho somado as preocupações financeiras as quais me foram confidenciadas, e tentar conseguir um numero para um cardiologista e não consegui, mesmo sabendo que é descontado do seu salário todos os meses.
É triste ver familiares de amigos que foram mortos no cumprimento do Dever sendo jogados de um lado para o outro atrás do que lhe pertence por Direito.
É triste presenciar injustiças onde a vaidade prevalece sobre a experiência.
É triste a desigualdade na aplicação de uma única Lei.
Não tenho palavras para descrever o que sinto nesse momento, no entanto me sinto ansioso para continuar o meu trabalho, inexplicável e contraditório.
Deveríamos começar a nos conhecer primeiro, ver o que esta de errado e corrigirmos, depois nos preocuparmos com o que pensam a maioria da Sociedade Hipócrita e Demagoga.
Policial Militar um vicio ou uma vocação?
Ricardo Garcia
Sargento de Policia com muito Orgulho.
Cidadão Brasileiro
Sargento de Policia com muito Orgulho.
Cidadão Brasileiro
Olá ricardo, quantas palavras carregadas de tanta emoção, tanta desolação, me senti invadida por tanta tristeza,e pensar que os anos passam, e nada de concreto e satisfatório para sua classe apareça. Cadê a valorização do policial? Qtos ainda terão de serem reformados ou mortos cumprindo seus deveres? Enquanto isso políticos canalhas brigam entre si, não trabalham,fazem programas turísticos com o nosso dinheiro, e assuntos da maior urgência, como mudanças da lei, prioridade de aumento salarialpara a polícia, são essas coisas que não entram em pauta para votação, e nem é de interesse deles próprios e nem tão pouco desse infeliz deste governador, e que desgraçadamente pelo andar da carruagem ainda vai se reeleger.Enquanto isso aonde fica a dignidade e o respeito destes homens?As vezes eu penso em um policial quando ele se defronta com uma situação de perigo, como subir uma favela estar no meio de um tiroteio ferrado, meu deus o quenão passará pela cabeça deste homem naquele momento, o medo, na sua família, na morte....Não tenho mais palavras, bjs
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